Os torcedores do Fluminense sempre se orgulharam dos “Moleques de Xerém”, garotos formados na base do clube que, ao longo das últimas temporadas, ganharam espaço no time principal e participaram ativamente de campanhas vitoriosas. Em 2025, no entanto, esse tradicional pilar do Tricolor vive seu momento de menor protagonismo.
Dos 20 jogadores com mais minutos em campo na temporada, apenas dois são formados em Xerém: o volante Martinelli e o zagueiro Thiago Silva. O terceiro nome vindo da base a aparecer na lista é o lateral-esquerdo Riquelme, apenas na 22ª posição. É um contraste com anos anteriores, em que ao menos três ou mais pratas da casa figuraram entre os atletas mais utilizados.
O cenário atual marca a menor presença dos jovens nos últimos sete anos. Em 2021, por exemplo, o clube teve sua maior participação de jogadores formados na base entre os mais utilizados: foram sete. Já em 2022, cinco atletas revelados em Xerém estiveram entre os principais nomes em campo. A tendência, no entanto, vem diminuindo.
Apesar de ainda ter pelo menos 29 partidas a disputar em 2025, o Fluminense parece distante de repetir as marcas anteriores. Os últimos relacionados para jogos contra Cruzeiro e Flamengo, por exemplo, incluem apenas o goleiro Marcelo Pitaluga e o atacante John Kennedy como representantes da base, além dos já citados.
Há, no entanto, alguns fatores que ajudam a explicar essa queda. O início da temporada foi marcado pelo uso de um time alternativo no Campeonato Carioca, majoritariamente composto por jovens. Meias como Isaque e Riquelme, além do volante Wallace Davi — destaques da geração conhecida como “Esquadrilha 07” — chegaram a ser mantidos no elenco principal.
Riquelme e Isaque, mais ofensivos, tiveram oportunidades nos primeiros meses do ano. No entanto, ambos enfrentaram lesões no joelho que os afastaram dos gramados por cerca de dois meses. Nesse período, o Fluminense passou por uma troca no comando técnico, com a chegada de Renato Gaúcho. Quando retornaram, os dois garotos receberam chances pontuais, mas não foram utilizados na campanha da Copa do Mundo de Clubes — chegaram a assistir da arquibancada a classificação diante da Inter de Milão.
Wallace Davi, por sua vez, enfrentou a forte concorrência no meio-campo. O setor conta com opções consolidadas como Bernal, Martinelli, Hércules e Nonato, além de Otávio, que se recupera de lesão. Diante disso, Wallace também perdeu espaço.
Na última semana, os três retornaram ao time sub-20 para reforçar a equipe nas rodadas finais do Campeonato Brasileiro da categoria e na decisão do Torneio OPG, contra o Botafogo. O retorno foi positivo: venceram o Corinthians na última rodada do Brasileirão e conquistaram o título do OPG, com dois gols de Isaque nessas partidas. A ideia do clube é dar rodagem aos atletas, preparando-os para um retorno mais sólido ao elenco profissional ainda nesta temporada.
Outros nomes como Julio Fidelis, Vagno, Gustavo Cintra, Léo Jance e Wesley Natã chegaram a estrear no time principal em 2025, especialmente em jogos da Copa Sul-Americana, mas não receberam sequência.
Ao se observar o histórico recente, nota-se a queda na utilização dos jogadores formados no clube: em 2024, Martinelli, André, Kauã Elias e Alexsander figuraram entre os mais utilizados; em 2023, André, Martinelli, Alexsander e John Kennedy tiveram protagonismo; e 2022 contou com André, Martinelli, Luiz Henrique, Matheus Martins e Calegari em destaque. A lista de 2021, como já citado, é a mais robusta, com sete jovens: Marcos Felipe, Martinelli, Luiz Henrique, Biel, André, Calegari e Kayky. Os anos anteriores também tiveram boa presença de nomes como Marcos Paulo, João Pedro, Evanílson e Daniel.
Em 2025, até o momento, apenas Martinelli e Thiago Silva — que apesar da longa carreira no exterior, foi formado em Xerém — têm presença constante entre os principais nomes da temporada. O desafio do Fluminense é encontrar novamente o equilíbrio entre experiência e juventude, algo que foi marca registrada do clube nos últimos anos.
